terça-feira, janeiro 04, 2005

A Praia (3)

A Praia - Verão 92

Manhã... ouvia-se o som das ondas a rebentarem... saímos... andámos pelo estreito caminho que ía dar à praia... ondas do mar, rochas, o sol a aparecer por entre a neblina. Era assim que todas as manhãs deviam ser...
Depois, corremos para o mar. Estava gelado, mas mesmo assim soube-nos bem. Não me consigo lembrar da última vez que me senti tão acordada. Logo a seguir corremos outra vez, mas para as toalhas para nos secarmos. Decidimos passear; o vento marítimo estava fresco mas não frio, o céu ficou mais limpo que o costume e as praias por onde passávamos estavam estranhamente desertas. Noutros dias, por aquela altura, já estariam alagadas de gente.
Sentámo-nos... começou-se a ouvir as ondas do mar a rebentar a alguns metros abaixo de nós. Por vezes ouvia as ondas - era uma sensação óptima e sempre pensava a mesma coisa que pensava sempre que me sentia assim: devia fazer aquilo mais vezes. Mas lembrava-me que aquela poderia ser a última e ainda me sabia melhor... continuei a olhar a rebentação...
Almoço... sim, a fome tinha chegado... levantámo-nos e decidimos ir almoçar numa daquelas esplanadas da praia, construídas para que as pessoas possam sair da praia e admirar a paisagem enquanto comem. Existia uma variante, aquelas esplanadas onde paravam os surfs a ouvir sting e a comer cachorros quentes ou hambúrgueres, ao mesmo tempo que bebiam uma cola.
Voltámos em direcção ao ponto de partida... andávamos na passadeira da praia, desta vez, já por entre a multidão - por aqui - disse-me ela dirigindo-se a uma das esplanadas da praia. Eu voltei-me, por momentos, para observar o tipo de pessoas que passeavam na passadeira. Quando voltei a olhar para a minha amiga... ali estava ela, a chatear-se de morte com um surfista...
Enquanto comia o meu hambúrguer olhava para o sol, para o mar, ouvia a música... claro, a esplanada tinha música... e observava as ondas a rebentarem nas rochas.
...nada era mais perfeito...
Tarde...os cabelos voavam suavemente com a brisa marítima, o sol descrevia o ângulo perfeito das três da tarde que se reflectia no rebentar das ondas. Passeámos ao longo da praia e durante bastante tempo nenhuma de nós disse nada. Viam-se somente as ondas, a fazerem barulho de ondas.
O sol já se tinha posto, e as ondas do lusco-fusco vinham pequenas e em série. Ficámos à espera da onda certa...
Estáva frio, e voltámos para casa...
Noite... decidimos ir até à vila beber qualquer coisa... tomámos o caminho da praia... o ar da meia noite estáva fresco e o céu estáva limpo... olhei para o mar e para uma lua perfeitamente cheia, enquanto os meus ouvidos se enchiam com o ritmo das ondas. Tentei concentrar-me no mar. O maior corpo de água do mundo inteiro, ao mesmo tempo beleza e terror... juntos. Limitei-me a ver o luar... as ondas rebentavam a uns dois metros atrás de nós... a maré estava cheia... lua... oceano...
E ao longe os nossos amigos já assinalavam a sua presença na esplanada do bar... acenando.