segunda-feira, janeiro 03, 2005

Republicação

Vou aqui republicar um dos posts que me deu imensa satisfação fazer, aquando da minha participação em outro blog:

Cristianismo

As ciências, que quase estagnaram na Antiguidade receberam do Cristianismo um impulso acelarador que apressou a derrocada do velho mundo.
O Cristianismo tornou-se sentimento ao associar-se aos movimentos da alma, luz ao misturar-se com as faculdades intelectuais e onde este se apagou, a servidão e a ignorância reapareceram. Quase se poderá dizer que a temível definição da escravatura que foi apagada do código romano: "Non tam viles quam multi sunt" voltou a resurgir, de diferentes formas, em várias sociedades que o rejeitaram.
Ele que começou por renovar a face do mundo, que desfavoreceu a opressão e que fez com que a escravidão deixasse de ser o direito comum das nações, vê agora transformarem-se as sociedades a que deu vida. Sociedades estas que nos servem como grelhas de leitura para a compreensão da história e das suas convulsões.
O Cristianismo devendo ser um vector orientado para uma realização final e tentando situar a marcha da humanidade, numa dinâmica ascencional em ordem à perfectabilidade, depara-se agora com a expectativa de grandes mutações previstas pelos movimentos revolucionários existentes.
A obnubilação nos espíritos da noção de "Cristianismo" leva a que o progresso, que deveria ser um avanço para melhor, uma representação de um tempo criador e de uma temporalidade não cíclica se transforme, agora, numa regressão à negação da liberdade. Então em que base sólida poderemos assentar os direitos humanos? Se não nos consideramos nem bons nem maus, inteligentes ou estúpidos, a única resposta possível é a de que o Homem é um sujeito dotado de dignidade própria, cuja vida tem um sentido.
Sentido esse que lhe foi dado pela evolução biológica, que se transcendeu a si própria fornecendo a seres conscientes de si próprios a base material dessa evolução - o cérebro humano.
A nossa verdadeira natureza consiste, assim, em procurarmos a esperança e sentido no optimismo, desde que rodeado de lucidez.
A Humanidade inteira tem uma vocação, e cada um de nós é chamado a um destino, é esse o âmbito do Cristianismo e a convicção de todos quantos acreditam que a evolução tem um sentido e que a história humana não é um absurdo nem um ciclo monótono de repetições.